Quando, em 2013, a revista The Economist classificou o Uruguai como sendo o país de maiores “reformas inovadoras que poderiam beneficiar o mundo”, não estavam se referindo aos vinhos. Mas bem que poderiam. Os Tannats Uruguaios deveriam ser considerados patrimônios da humanidade.
E foi para mostrar esse valor, que nossos amigos vizinhos estiveram aqui como parte da Rio Wine & Food Festival. Um verdadeiro passeio de emoções, descobertas e experiências que contagiou todos que estiveram presentes no Clube Piraquê, Rio de Janeiro.
O evento dedicado ao Uruguai foi dividido em dois momentos: uma Master Class com degustação de 14 rótulos e o Tannat Tasting Tour – a Feira dos Vinhos Uruguaios.
Esperando a aula, minha amiga e gastrônoma Tita Moraes, tão ansiosa quanto eu.
A Master Class foi de tirar o fôlego! Foram 14 vinhos degustados, cada um com particularidades e características próprias. Os vinhos foram apresentados pelos profissionais representantes das vinícolas. Todos muito simpáticos, falavam rapidamente sobre a missão da empresa e sobre a proposta do vinho degustado.
Amei ver a quantidade de mulheres presentes!
Os vinhos degustados foram:
Favretto Dragone – Espumoso Natural Felicia 2016
Castillo Viejo – Catamayor Pinot Noir 2015
Nabune – Corte Barrica 2016
Casa Grande – Super Blend 2015
Familia Traversa – Viña Salort Syrah Tannat 2015
Bouza – Monte Vide Eu 2015
Finca Narbona – Luz de Luna Tannat 2013
Pizzorno – Don Prospero Maceración Carbónica 2017
Varela Zarranz – Tannat Crianza 2015
Antigua Bodega – Prima Donna Tannat 2013
Giménez Mendez – Alta Reserva Tannat 2015
Viña Edén – Tannat Reserva 2015
Montes Toscanini – Gran Tannat 2013
Rodríguez Bidegain – Licor de Tannat Roble 2011
Achei todos de altíssimo nível, mas, claro, tive meus encantos favoritos. E desse grupo, fiquei muito impressionada com:
O Luz de Luna (corte de Tannat-Petit Verdot da Narbona que eu ainda não conhecia) – possui a audácia e uma força quase ancestral;
Com o Tannat Crianza da Varela Zarranz – de uma potência, de um tamanho e de um equilíbrio absurdo;
Com o Dom Prospero da Pizzorno – que trouze elementos inesperados de leveza e pluralidade à Tannat (creio eu, que devido à maceração carbônica);
E com o Licor de Tannat da Rodríguez Bidegain que, pra mim, foi uma das grandes descobertas do dia.
Que os vinhos uruguaios trazidos seriam ótimos, todo mundo já sabia. Mas as surpresas que os nossos amigos estavam guardando para a gente, olhaaaaaa…por essa ninguém esperava!
Depois de tanto vinho maravilhoso, os caras fizeram um CHURRASCO pra gente!
Um chur-ras-co
os. caras. fizeram. um. churrasco. pra gente
de CORDEIRO!!!
Não merecemos tanto!
Aí é demais para o meu coração! Que povo lindo, meu deus! Me senti no Uruguai, sem sair do Rio. Se a intenção deles era fazer com que ficássemos apaixonados, eles conseguiram!
Harmonizar essas maravilhas com uma carne de cordeiro na brasa, não tem preço!
Após tanto comer – eu devo ter ido à churrasqueira umas 3 vezes, era hora de retornar aos salões do Piraque, pois ainda havia a Feira de Vinhos do Uruguai, o Tannat Tour.
E que feira, minha gente! Que feira!
Pensa que no Uruguai só tem Tannat? Rá! Aí é que você se engana.
Nossos vizinhos vieram com tudo.
Provei um Cabernet Franc da Braccobosca 2016 que estou até agora sonhando com ele. Algo de maravilhoso, de incrível, fiquei apaixonada!
Agora pense comigo: quase não se planta Cabernet Franc no Uruguai (7% do plantio de uvas tintas) e os caras me chegam com um vinho avassalador desses! Onde eles vão parar?
O Uruguai não está para brincadeiras.
Dos já aclamados, sabemos bem: Garzon, Bouza, Alto de la Ballena, Pisano, Varela Zarranz…são queridos mundialmente, sempre com vinhos de alta gama, sempre com senhores vinhos. Mas tem gente muito pequena vindo aí. Pequenos, micro produtores, gente que produz vinho quase como um desafio mesmo! Porque é teimoso, porque ama, porque é apaixonado! Tem sabores novos vindo aí e como isso é maravilhoso!
E foram inúmeros rótulos degustados, muita conversa e aprendizado. Lógico que a Tannat, uva ícone do país, é a senhora da casa, mas é bom a gente ver como os vinhos uruguaios estão se tornando algo que transcende isso.
Não tenho como falar de todos os rótulos, mas deixo aqui algumas imagens do que provei. Tem cortes inusitados, Chardonnays, Roses de Tannat, Sauvignon Blancs, Licor de Tannat (que depois vão ganhar um post só deles, porque foi muito amor) etc. Tem de tudo um pouco!
Preciso terminar dizendo que a produção do evento, pela Rio Wine & Food Festival, acertou em cheio, trazendo o que há de mais plural e diverso no mundo do vinho, mostrando que nossa bebida predileta pode (e deve!) ser apreciada por todos e a qualquer hora.
São essas iniciativas que fazem a diferença, parabéns!
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