Estava com meu cunhado, quando ele, ao provar um vinho, disse: “Humm, Jô, rascante. Posso falar rascante?” Respondi que ele deveria usar o termo que quisesse, afinal, não estou estudando para me tornar uma enochata. Impressões sobre vinhos são sempre muito individuais, são descobertas. Existem padrões? Certamente. Mas é importante e bonito que cada um use o termo poético e a expressão que desejar!
Se vinho é poesia engarrafada, vamos brincar de fazer poemas?
E aí que lendo “O Passo a Passo da Degustação”, do meu professor Celio Alzer, descubro que ele dedica um tópico ao termo “rascante”.
A expressão “rascante” está relacionada aos taninos, que são os responsáveis por promover aquela sensação de boca seca, presa. Segundo o autor, a expressão usada para designar essa “secura” nas degustações é: adstringência.
Ou seja: um vinho tânico é um vinho adstringente.
E de onde vêm os taninos?
Taninos: parte da magia
Eles estão presentes principalmente nas cascas, sementes e engaço (cabinho da uva). Quanto mais tempo as cascas ficam em contato com o mosto (sumo das uvas prensadas), mais tanino terá o vinho. Cabernet, Tannat e Sangiovese Grosso, por exemplo, são uvas com casca bem grossa – e por isso possuem grande quantidade de taninos. São os vinhos que a gente prova e traaaaaaa! Dá aquela secura na boca!
Os taninos são os culpados (injustamente) por alguns iniciarem e desistirem do universo dos vinhos. Tem sempre aquele seu amigo que quer começar a beber vinho, compra do nada um Cabernet super tânico e… pá! Leva um coice dos taninos!
Eu acho a sensação do sequinho na boca maravilhosa, mas compreendo que quem esteja começando, estranhe.
Uvas tintas que ainda não amadureceram possuem taninos mais verdes, o que resulta em vinhos adstringentes. Vinhos muito tânicos precisam de algum tempo para amaciar. Taninos evoluem com o tempo – quanto mais se amadurece um vinho, mais ele se torna macio e vai “perdendo” seus taninos.
Isso tudo faz parte da magia e do processo de tratamento que o Enólogo dá ao vinho!!
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